CRIAÇÃO DO MUNDO
E DOS HOMENS E MULHERES
Segunda narrativa da criação do mundo e do homem: Gênesis, 2,4ª – 25. Trata-se de uma descrição menos popular, feita por pessoas mais inteligentes que, não tendo sido testemunhas oculares da criação, limitam-se a confirmar que foi Deus (Javé) quem criou o céu e a terra e deu condições de vida a toda a criação: água, ervas, flores, árvores... povoando tudo com as mais variadas espécies de aves e animais. Faltava alguma coisa: “não havia homem que cultivasse o solo” (Gen. 2,5).
Então Deus “modelou” o homem do barro: “soprou-lhe nas narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se um ser vivente” (Gen. 2,3). Contudo, algo mais era necessário para completar a criação: do modelo do homem, criou Deus também a mulher. O homem ficou satisfeito com a última obra da Criador: "Esta sim é osso dos meus ossos e carne da minha carne! (Gen. 2,23). Mais tarde os homens entenderiam que “é por isso que um homem deixa seu pai e sua mãe, e se une à sua mulher, e eles dois se tornam uma só carne” (Gen. 2,24).
Estava completa a criação. Os casais, pois “homens e mulheres Deus os criou”(Gen. 1, 27), viviam felizes. A terra recebida gratuitamente de Deus (Gen. 1, 29) era um “paraíso” onde havia de tudo (Gen. 2,8). O Criador, na sua generosidade, não lhes pediu nada em troca de tudo o que lhes deu. Além disso, eram totalmente livres, pois foram “criados à Sua imagem e semelhança”(Gen. 1, 27).
Ora, se os homens e mulheres foram criados à semelhança de Deus, são seres livres e responsáveis pelo que fazem: podem fazer o bem e podem fazer o mal.
Como bom pai que é, Deus mostrou-lhes também o que é “o bem” e o que é “o mal”. Gravou essa distinção na memória de cada um dos homens e das mulheres, e mais tarde mandou até Moisés escrever, como mandamentos seus, o que se deve fazer, porque é bom, e Ele gosta; e o que não se deve fazer, porque é prejudicial (é ruim, é um mal), e, por isso, Deus não gosta.
Deus fica feliz quando seus filhos fazem o “bem”:
- Amam quem os criou: a Deus, ao pai e à mãe (1° e 4° mandamento da lei de Moisés).
- Amam os outros também (homens e mulheres) como a si mesmos.
- Agradecem e cuidam com zelo a terra e demais bens recebidos: “cultivar o solo”.
- Repartem fraternalmente os frutos da terra.
Deus fica triste quando seus filhos usam a liberdade que lhes deu para praticar o “mal”:
- Matar ou ferir ou suicidar-se
- Cometer adultério ou trair
- Roubar ou furtar
- Falar mal dos outros com falsos testemunhos
- Ter inveja das coisas que os outros possuem
- Querer ser igual a Deus.
- Ser irresponsável.
O mérito de cada homem, ou mulher, só pode ser medido a partir da liberdade e da responsabilidade de cada um em poder fazer o mal e optar conscientemente por praticar o bem. O louco não tem mérito; o preso não pode fazer o mal: semear a erva daninha no campo do vizinho; nem pode fazer o bem de socorrer o samaritano.
Para que melhor se entendesse a diferença estrutural física entre os homens e as mulheres, eles mais fortes e elas mais franzinas, e visando a manter as mulheres submissas aos homens, como já era costume entre eles, esta segunda narrativa, do surgimento do mundo e da criação do homem, coloca a primeira mulher tirada de uma costela do homem (Gen. 2,21-24). A razão humana não aceita tal afirmação. Ela nasceu da mesma maneira que o homem nasceu: diretamente por obra e graça de Deus.
A tentativa de se fazer compreender por todos, adultos e crianças, levou também o narrador bíblico a dar até nomes a um imaginável primeiro homem e uma primeira mulher: a ele chamou de Adão e a ela chamou de Eva. Adão, porque foi tirado do barro; Eva, porque é mãe dos seres viventes, aquela que gera a vida. Só que, embora a intenção fosse boa, gerou mil problemas para os que acreditaram nessa possibilidade de toda a raça humana, com tanta variedade de cores e costumes, descender apenas de um casal. A confusão começa pelos filhos de Adão e Eva: Caim e Abel. De mulher mesmo só resta a mãe Eva. Por outro lado, o mesmo não aconteceu com as outras espécies de seres vivos: foram criados muitos animais, muitas aves, muitos peixes.
A razão nos leva a crer que quem tem o poder de criar “um” também pode criar “um cento” e até variar nas pinceladas ao distribuir a raça humana pela África, Ásia... e Américas. Dize o nosso povo que quando a esmola é grande até o santo duvida.
Não seria bondade exagerada demais, por parte de Deus,
criar um mundo tão grande e tão cheio de preciosidades para presentiar apenas duas pessoas, Adão e Eva?
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